quarta-feira, 4 de abril de 2007



Fogos controlados vão fazer prevenção em áreas protegidas
A maior parte das zonas protegidas do país vão ser sujeitas nos próximos meses a fogos controlados de modo a prevenir o alastramento dos incêndios florestais durante o Verão, anunciou hoje o secretário de Estado do Ambiente


De visita a Porto de Mós, Leiria, Humberto Rosa explicou que os fogos controlados são uma «das prioridades» do plano de prevenção de incêndios nas áreas protegidas e vários técnicos do Instituto da Conservação da Natureza (ICN) já receberam formação para trabalhos nesta área.
A realização de fogos controlados foi uma das recomendações da comissão parlamentar de fogos até porque as experiências feitas no passado foram consideradas positivas pelos técnicos, considerou o secretário de Estado, que não quis estabelecer uma meta concreta de área ardida para este ano.
«O importante não é a quantidade de hectares que arde mas a sua importância», explicou Humberto Rosa, salientando que, em alguns casos, a «natureza consegue regenerar-se» e noutros perdem-se ecossistemas considerados únicos.
Os fogos controlados devem ter lugar no Inverno e visam a queima até 60 por cento coberto vegetal em zonas consideradas «tampão» para a progressão de incêndios em áreas mais sensíveis ou zonas habitadas.
De acordo com o responsável pela protecção civil no Parque Natural das Serras de Aires e Candeeiros (PNSAC), que hoje fez arder uma pequena área para exemplificar esta estratégia, o fogo controlado é «a melhor forma de prevenir» os incêndios em áreas protegidas.
Conduzindo o fogo com o vento e com recurso a um lança-chamas, os bombeiros e técnicos florestais podem queimar uma área que não seja muito sensível mas que, na época mais quente, será utilizada como zona privilegiada para «estancar e reduzir» um eventual incêndio que venha a suceder, explicou Nuno Silva Marques.
O secretário de Estado Humberto Rosa admitiu também que «os meios necessários para combater fogos florestais nunca são suficientes em determinadas situações climáticas», destacando a necessidade de uma maior articulação dos vários organismos estatais que gerem o território.
Hoje, em Porto de Mós, teve lugar uma reunião de trabalho para preparar a próxima época de fogos entre vários responsáveis do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC) e directores de parques naturais tutelados pelo ICN.
«Vemos com muita satisfação este tipo de reuniões que decorrem entre bombeiros, vigilantes e técnicos de áreas protegidas», salientou o secretário de Estado do Ambiente, que prometeu também uma actualização dos instrumentos de ordenamento.
«Queremos adequar as cartas de risco às conveniências dos comandos operacionais» até porque «as áreas protegidas não são ilhas no território» e devem ser inseridas nas estratégias globais de protecção civil.
Por isso, os «planos de intervenção em cada área protegida» estarão «disponíveis» para os bombeiros e responsáveis da protecção civil, disse Humberto Rosa.
No ano passado, os incêndios na Serra dos Candeeiros e do Gerês puseram a descoberto problemas de relacionamento entre autarquias e os serviços do ICN, que foram acusados de impedirem a construção de aceiros e caminhos para prevenção de incêndios.
Depois da polémica que se gerou, «nós investigámos se houve algum caso de algum aceiro ou acesso para fins de fogos florestais na história do ICN que tenha sido recusado e contámos zero», revelou o secretário de Estado.
«Há isso sim estradas ilegais e caminhos solicitados que não podem ser autorizados por razões de conservação da natureza», acrescentou Humberto Rosa, garantindo que «não há nenhum caso em que o fogo tenha chegado a proporções grandes por falta de acessos».
«O que há é casos em que os caminhos e acessos carecem de melhor manutenção», disse o secretário de Estado que reconheceu algumas dificuldades de recursos por parte do ICN para «manter essa rede muito ampla de caminhos e acessos» que existe nas áreas protegidas.
Por seu turno, Ascenso Simões, secretário de Estado da Administração Interna, explicou que uma das prioridades do Governo é uma «melhor articulação institucional» entre os vários organismos do Estado que gerem o território.
O objectivo é «pôr os funcionários das direcções gerais a falar» e «temos vindo a acertar melhor os nossos dispositivos e a capacidade de intervenção», explicou Ascenso Simões.
Para «aumentar a capacidade de primeira intervenção» e contrariar os «estrangulamentos na (articulação da) administração pública que se verificaram nos anos anteriores» a tutela pretende realizar reuniões conjuntas como a que decorreu hoje em Porto de Mós.
«Estamos a seguir um caminho para ter dispositivos melhores com mais capacidade de intervenção e mais resposta», disse, recordando que o Executivo pretende reduzir «progressivamente os incêndios florestais».
«Para 2.012, a nossa meta é termos menos de cem mil hectares de área ardida», disse Ascenso Simões, salientando que, já no ano passado, foi «um bom ano em área ardida nas áreas protegidas», comparado com 2005.
«Houve menos área ardida e menos impacto nas áreas protegidas», disse o secretário de Estado. No caso do ICN, em 2007, a tutela pretende aumentar a resposta da primeira intervenção, com recurso a sapadores florestais, apostando também na monitorização e recuperação de áreas ardidas.


Fonte:Lusa/SOL



Entrevista com o Prof. Francisco Rego


O Prof. Francisco Rego do Instituto Superior de Agronomia aborda o problema dos incêndios florestais de uma perspectiva que inclui o olhar do investigador, do técnico florestal e uma reflexão sobre a política florestal Portuguesa.



1 - Os fogos florestais são uma das preocupações ambientais dos portugueses. Existem razões para os considerar no topo da hierarquia das preocupações ambientais nacionais?Não tenho dúvidas de que são realmente preocupações ambientais, mas não só. São questões que transcendem as ambientais, nomeadamente questões de segurança e de preocupação pelo património construído. Julgo que os portugueses têm razão quando os consideram verdadeiras preocupações a nível ambiental, porque algumas das questões mais importantes a nível internacional, nas convenções sobre a desertificação, a biodiversidade, sobre o Protocolo de Kioto, referente às questões das emissões de CO2 para a atmosfera, em todos os campos os fogos têm um impacto extremamente relevante.2 - A afirmação de que o fogo é um factor ambiental, presente desde sempre nas comunidades florísticas mediterrânicas, e que por isso, necessário, tem sido por vezes utilizada como justificação para a inevitabilidade dos incêndios florestais. Mas será que 100 000 ha de área ardida por ano são realmente inevitáveis?Relativamente a esta questão, parece-me necessário distinguir duas coisas. O fogo, em si, é realmente um factor ambiental, um factor natural importante. Toda a investigação científica tem demonstrado que o fogo sempre existiu e é tão antigo como a fotossíntese. De qualquer modo, existe a necessidade de o gerir da melhor maneira.Tenho feito a tentativa de dizer que, em relação aos fogos, eles podem ser classificados em dois grandes grupos: os fogos que não são desejados, onde se encontram os incêndios florestais e os fogos que têm sido utilizados na gestão florestal, que são, afinal, os fogos controlados.Julgo que se não houver alguma destruição da biomassa, ou por fogos controlados, ou por outros métodos equivalentes, os incêndios são inevitáveis. São dois pratos da mesma balança, que funcionam como vasos comunicantes: quando aumenta a acumulação de biomassa, aumentam as probabilidades de incêndio.Tem sido essa a lógica que tem justificado, em muitos sítios, a utilização cada vez maior dos fogos controlados. A ideia é a seguinte: os fogos controlados não têm de ser a solução, mas tem de se criar alguma solução que faça a gestão dos matos, das lenhas, etc. Isto tem sido reconhecido pelos florestais desde há, pelo menos, 150 - 200 anos.
3 - Se é de reconhecimento geral que os fogos controlados são uma forma de gestão florestal, porque tem havido tanta oposição à sua utilização?A oposição diz respeito, sobretudo, ao risco que essa alternativa sempre tem. É um risco controlado, mas apesar de tudo, é um risco. Portanto, é menos gravoso alguém deixar arder a floresta, do que incorrer no risco de ter um incêndio provocado por um fogo controlado que se escapa. É evidente que o que é importante nesta questão é a formação das pessoas para garantir que o fogo controlado seja utilizado apenas em situações em que ele seja completamente admissível.Se para inúmeras actividades sempre utilizámos o fogo de maneira controlada, por exemplo na alimentação, não é porque o fogo pode ser um elemento destrutivo que o deixamos de utilizar. A questão é utilizá-lo da melhor maneira.Valia a pena dizer, ainda, que o fogo controlado começou a ser utilizado há mais de 150 anos no pinhal de Leira. No entanto, mesmo nesta altura, contratavam-se pessoas para recolherem carumas, lenha e outros resíduos florestais que eram utilizados como combustível nas fábricas de vidros na Marinha Grande. São utilizações que podem ser economicamente interessantes e que podem e devem ser exploradas.De qualquer modo, se não houver esse ou outro tipo de consumo do combustível, os incêndios são, de facto, inevitáveis.
4 - Os efeitos ambientais dos incêndios florestais transcendem a destruição das comunidades arbóreas e arbustivas. Esses efeitos são suficientemente conhecidos, nomeadamente aqueles que interferem nas comunidades animais e vegetais, na biodiversidade e no efeito de estufa?Tem havido nos últimos anos um esforço científico importante, no sentido de conhecer os efeitos do fogo, tanto dos fogos de Verão, como dos fogos de Inverno, nas comunidades de animais e de plantas. O que nós podemos dizer é que já temos um conhecimento razoável em relação a alguns dos efeitos ecológicos do fogo. Eles passam, geralmente, por respostas diferentes, consoante o animal e a planta. Em geral, a tendência é de, imediatamente após o fogo, observar-se um declínio do número de animais e de plantas; passado muito pouco tempo ocorre um aumento bastante grande da diversidade de animais e plantas; e depois, à medida que as comunidades fecham, que os sistemas fecham, verifica-se também um declínio da biodiversidade. É esse o padrão que temos encontrado e que todos os autores referem.Do ponto de vista da gestão da biodiversidade, o fogo, se for bem utilizado, pode ser um factor importante para a manutenção da diversidade.Temos trabalhado na área dos efeitos ecológicos do fogo e as adaptações das plantas são realmente extraordinárias. Cada uma tem as suas características especiais, umas adaptadas a regimes mais frequentes de fogo, outras com adaptações a fogos esporádicos, e portanto é importante saber gerir esse regime para dar espaço a todas elas.Em relação ao efeito de estufa, a situação já é diferente. Há uma tese recente muito interessante, do Prof. José Miguel Cardoso Pereira, do Instituto Superior de Agronomia, que refere o efeito dos fogos como um dos principais factores em relação ao efeito de estufa. Este problema põe-se principalmente no continente africano, mas a região mediterrânica tem também uma contribuição muito significativa. E aqui não há volta a dar. Os fogos são, de facto, um contributo significativo para o efeito de estufa e mais uma vez se coloca claramente a grande diferença entre os fogos de Verão e os de Inverno. No Verão grande parte da biomassa arde, contribuindo para o CO2 atmosférico, enquanto que nos fogos de Inverno, apenas uma pequena fracção da biomassa, que seria decomposta gradualmente, é consumida. São dois fenómenos muito diferentes, que é importante separar.
5 - Para além do efeito de estufa, que é uma consequência, as emissões gasosas de que actualmente tanto se fala, devem assumir igualmente proporções significativas. Uma vez que Portugal enfrenta agora o desafio de reduzir essas emissões, face às normas da União Europeia, este é também um problema considerado?Nesta matéria, não há ainda investigação muito profunda. Em Portugal, o Prof. Carlos Borrego, da Universidade de Aveiro tem feito esse tipo de trabalhos, mas essas emissões são, com certeza importantes. Mesmo sem muitos trabalhos nessa área é possível dizer que os incêndios de Verão são claramente de evitar, e a questão das emissões é mais um factor a reforçar essa necessidade.6 - Nos últimos anos a intensidade do esforço de investigação científica e de desenvolvimento técnico sobre a área dos fogos florestais aumentou. Fizeram-se avanços importantes em termos de modelação do risco de incêndio, de detecção remota de fogos florestais e nos fogos controlados. É possível observar efeitos desse esforço na formulação das políticas e na atitude técnica perante este problema?Realmente têm sido feitos esforços nestas áreas. Relativamente aos efeitos desses esforços, penso que já é possível observar alguns, mas bastante aquém daquilo que poderia acontecer. De qualquer modo, a legislação já começa a reflectir algum deste conhecimento. Na formulação das políticas, eu penso que há já uma mudança. Na atitude técnica perante os fogos florestais, a mudança é muito lenta e gradual, à medida que as novas gerações vão substituindo as mais antigas, que tinham, em geral, uma atitude técnica perante os fogos bastante conservadora. No entanto existem algumas excepções, das quais saliento o Engº Moreira da Silva, que fez um esforço enorme para a mudança de atitudes nestas questões, sobretudo em relação aos fogos controlados. Mas o maior conhecimento científico que vai surgindo acerca do fogo não tem, ainda, muitos reflexos técnicos na práctica. E esta situação está relacionada com os problemas estruturais da floresta portuguesa. É o facto de termos 85% da floresta portuguesa privada com pequenos proprietários, muitos dos quais absentistas, sobretudo no Norte, onde o problema dos incêndios é maior. Também na floresta pública existem problemas e está-se a tentar encontrar soluções para a organização da gestão. Tudo isto tem contribuído para que os conhecimentos técnicos não tenham, ainda, os reflexos que deveriam ter.As soluções a encontrar, tanto para a floresta pública, como para a floresta privada, passam pelo fomento do movimento associativo florestal, pela utilização dos conhecimentos científicos, com apoio das universidades, que julgo ser fundamental.No entanto, este não é um problema que não se resolve pelos sintomas, ou seja, quando aparece um incêndio ou quando os problemas se discutem na altura de Verão, mas sim através das formas organizativas, que façam uma gestão florestal que leve em consideração o problema dos incêndios.É preciso também perceber que a história florestal portuguesa é uma história de importação, em muitos casos, de técnicas, de conceitos. Começa no séc. XVIII com a importação de muita coisa da Alemanha, das Universidades alemãs, depois mais tarde da França, portanto com conceitos que derivam de aplicações a florestas muito mais temperadas que as nossas. Os conceitos de silvicultura mediterrânica, mais específicos das nossas condições começam muito mais tarde. Portanto nós temos um desfasamento grande relativamente ao que se passa em muitos países da Europa. Temos importado agora algumas coisas dos Estados Unidos, de situações mais parecidas com as nossas, mas de facto o desenvolvimento de conceitos específicos de agricultura mediterrânica têm demorado tempo a solidificar-se. Aproveito para fazer uma referência a um dos grandes impulsionadores da silvicultura mediterrânica, em que o homem está sempre presente. O Professor Gomes Guerreiro, que faleceu há cerca de um mês, foi uma perda muito importante para a silvicultura nacional, pois foi uma das pessoas que desde muito cedo assumiu a necessidade de haver uma silvicultura muito própria das nossas condições. É muito mais fácil importar uma coisa sem critério do que criá-la de raíz.
7 - Que papel tem, na resolução destes problemas, a formação dos proprietários e dos gestores florestais?A formação é extremamente importante. Tal como dar condições aos gestores florestais, não só na perspectiva do conhecimento científico, como também da sua aplicação. A resolução dos problemas passa muito pela figura do gestor florestal. Sem esta figura será difícil solucionar o problema dos fogos florestais. Depois existe um outro problema, que é o problema da escala. Os problemas da floresta não podem ser resolvidos ao nível do proprietário individual numa área pequena, são problemas que têm de ser resolvidos ao nível das manchas, ao nível da paisagem, dos grandes perímetros florestais. É por este motivo um problema social, que afecta a sociedade em termos mais gerais, pois transcende as dimensões do proprietário individual.8 - Os fogos são uma das principais preocupações dos florestais. No entanto, a orientação técnica generalizada é a de que este problema tem no ordenamento e na gestão da floresta uma das suas principais sedes de solução. Mas, como já referiu, o ordenamento florestal em Portugal encontra sérios obstáculos, principalmente relacionados com a estrutura da propriedade florestal. Pode concluir-se que a resolução do problema dos fogos florestais inclui a abordagem de problemas estruturais, que transcendem as causas imediatas dos incêndios?Não há dúvida rigorosamente nenhuma de que a questão fundamental dos fogos reside nos problemas do ordenamento e da gestão da propriedade florestal.No ordenamento florestal, a possibilidade das novas formas de ordenamento - os Planos Regionais de Ordenamento Florestal (PROF's), abrem novas perspectivas, pois parecem peças importantes na gestão florestal, assim como os Planos de Gestão Florestal. Mas, na realidade, os obstáculos prendem-se com a estrutura da propriedade florestal, com as unidades de gestão.Não é um problema novo, pois vem já de algum tempo e o diagnóstico mantém-se inalterado, há já umas dezenas de anos e vai, de facto, levar algum tempo a resolver. Mas os problemas de difícil resolução têm de se começar a resolver imediatamente.
9 - Agora que chegámos a um novo período de programação, no novo Quadro Comunitário de Apoio estão programadas algumas medidas de aplicação das verbas atribuídas ao sector florestal na restruturação da floresta portuguesa?Esta nova fase está ainda numa etapa inicial, mas as verbas são de facto significativas. No entanto, o que me parece importante é a forma como essas verbas são aproveitadas, criando unidades de gestão que perdurem para além das vigências dos Quadros Comunitários de Apoio. Esse é, para mim, o grande desafio que se coloca para a floresta do futuro. Porque se a floresta for bem ordenada, bem gerida, é evidente que os incêndios florestais terão muito menor probabilidade de ocorrer. O que não quer dizer que o fogo esteja excluído, pois ele vai continuar a ser um factor sempre presente. Aliás, se tivermos uma floresta próxima da natureza, visão para que toda a Europa parece tender, uma silvicultura mais próxima dos processos naturais, é evidente que o fogo, sendo um factor natural, vai aparecer e poderá ser incluído nas ferramentas da gestão florestal.Eu prevejo que o fogo continue a ser um elemento essencial, e que se fizermos uma boa utilização da legislação nos próximos anos dos QCA, no sentido de criar unidades de gestão, que os incêndios florestais diminuam substancialmente.Gostaria de fazer referência a uma iniciativa, que começou há relativamente pouco tempo, que é a questão dos sapadores florestais. É uma reivindicação antiga de todos os florestais, que houvesse, ligados à gestão das áreas, profissionais com a dupla competência de no Verão combaterem os incêndios e de no Inverno fazerem a prevenção, limpando os combustíveis.Esta iniciativa está a ter agora as primeiras concretizações, aparentemente com bastante sucesso e vale a pena aprofundar esse processo e dar-lhe mais solidez ligando-o ainda mais à gestão.


Fonte:Naturlink



Fogos controlados previnem áreas protegidas



A maior parte das zonas protegidas do país vão ser sujeitas, nos próximos meses, a fogos controlados de modo a prevenir o alastramento dos incêndios florestais durante o Verão, anunciou esta segunda-feira o secretário de Estado do Ambiente. A informação foi avançada pela agência Lusa.
De visita a Porto de Mós, Leiria, Humberto Rosa explicou que os fogos controlados são uma «das prioridades» do plano de prevenção de incêndios nas áreas protegidas e vários técnicos do Instituto da Conservação da Natureza (ICN) já receberam formação para trabalhos nesta área.
A realização de fogos controlados foi uma das recomendações da comissão parlamentar de fogos até porque as experiências feitas no passado foram consideradas positivas pelos técnicos, considerou o secretário de Estado, que não quis estabelecer uma meta concreta de área ardida para este ano.
Os fogos controlados devem ter lugar no Inverno e visam a queima até 60 por cento coberto vegetal em zonas consideradas «tampão» para a progressão de incêndios em áreas mais sensíveis ou zonas habitadas.
De acordo com o responsável pela protecção civil no Parque Natural das Serras de Aires e Candeeiros (PNSAC), que esta segunda-feira fez arder uma pequena área para exemplificar esta estratégia, o fogo controlado é «a melhor forma de prevenir» os incêndios em áreas protegidas.
Conduzindo o fogo com o vento e com recurso a um lança-chamas, os bombeiros e técnicos florestais podem queimar uma área que não seja muito sensível mas que, na época mais quente, será utilizada como zona privilegiada para «estancar e reduzir» um eventual incêndio que venha a suceder, explicou Nuno Silva Marques.
Esta segunda-feira, em Porto de Mós, teve lugar uma reunião de trabalho para preparar a próxima época de fogos entre vários responsáveis do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC) e directores de parques naturais tutelados pelo ICN.
No ano passado, os incêndios na Serra dos Candeeiros e do Gerês puseram a descoberto problemas de relacionamento entre autarquias e os serviços do ICN, que foram acusados de impedirem a construção de aceiros e caminhos para prevenção de incêndios.
Depois da polémica que se gerou, «nós investigámos se houve algum caso de algum aceiro ou acesso para fins de fogos florestais na história do ICN que tenha sido recusado e contámos zero», revelou o secretário de Estado.
No caso do ICN, em 2007, a tutela pretende aumentar a resposta da primeira intervenção, com recurso a sapadores florestais, apostando também na monitorização e recuperação de áreas ardidas.


Fonte: Portugal Diario



Fogos vão fazer prevenção em áreas protegidas

O Governo pretende prevenir os fogos florestais do Verão nas áreas protegidas do País, como o Parque Nacional das Serras de Aire e Candeeiros, através de fogos controlados nos meses de Inverno. A medida foi ontem anunciada pelo secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa, que pretende ainda ver algumas deficiências corrigidas antes da 'época de incêndios'.Durante uma visita a Porto de Mós para uma reunião de trabalho com o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil o Instituto de Conservação da Natureza (ICN) e outras entidades, Humberto Rosa referiu que os fogos controlados constituem uma das "prioridades" do plano de prevenção de incêndios nas áreas protegidas, estando técnicos do ICN a receber formação nesta matéria. Adiantou que a aposta nos fogos controlados são uma das recomendações da comissão parlamentar de fogos, tendo em conta experiências anteriores.Em relação à actuação do dispositivo, Humberto Rosa referiu que as primeiras intervenções no terreno o ano passado foram "satisfatórias", rondando 83 por cento de sucesso.Ainda assim, reconheceu que "os meios necessários para combater os fogos florestais nunca são suficientes em determinadas situações climáticas", pelo que o plano de actuação do ICN, as brigadas de sapadores florestais e os vigilantes da natureza são "vitais" na articulação de meios no terreno.Para este ano, o secretário de Estado do Ambiente pretende ver algumas deficiências corrigidas, como as cartas de risco, que se encontram "desactualizadas", falta de técnicos florestais, áreas protegidas de forma "insuficiente", ou mesmo "carência" de meios de comunicação."O campo para fazer as melhorias é muito grande fora da época de fogos", por isso, "é bom fazer estas reuniões", porque "as áreas protegidas não são ilhas no território", frisou.Quanto à polémica gerada o ano passado sobre a construção de aceiros no PNSAC, garantiu que "nunca houve conflito", mas reconheceu a sua falta de manutenção."Investigámos se houve algum caso de algum aceiro ou acesso para fins de fogos florestais na história do ICN e que tenha sido recusado e nós contámos em zero as recusas", referiu, reconhecendo, porém, “estradas ilegais e caminhos solicitados que não podem ser autorizados por razões de conservação da natureza"."Não há nenhum caso em que o fogo tenha chegado a grandes proporções por falta de acessos. O que há é casos em que os caminhos e acessos carecem de melhor manutenção", referiu, considerando que a solução passa por "manter a rede muito ampla de caminhos".Fogo controlado é "a melhor forma de prevenir"De acordo com o responsável pela protecção civil no PNSAC, que ontem fez arder uma pequena área para exemplificar esta estratégia, o fogo controlado é "a melhor forma de prevenir" os incêndios em áreas protegidas. Conduzindo o fogo com o vento e com recurso a um lança-chamas, os bombeiros e técnicos florestais podem queimar uma área que não seja muito sensível mas que, na época mais quente, será utilizada como zona privilegiada para "estancar e reduzir" um eventual incêndio que venha a suceder, explicou Nuno Silva Marques.Menos de 100 mil hectares até 2012A reunião de trabalho contou também com a presença do secretário de Estado da Administração Interna, Ascenso Simões, que anunciou o ano de 2012 como a meta para reduzir a área ardida em menos de 100 mil hectares.Reconhecendo alguma "fragilidade" na articulação dos meios em 2006, apesar da diminuição da área ardida, Ascenso Simões pretende que este ano haja "melhor articulação institucional" do dispositivo."Não podemos estar de costas voltadas", referiu, adiantando que está a ser ultimada a directiva nacional de combate a incêndios, que passa, por exemplo, por colocar os funcionários das direcções gerais a falar.Para uma melhoria articulação de meios, explicou Ascenso Simões, é necessária a intervenção do ICN, desde a prevenção estrutural, à detecção e vigilância, passando pelo combate aos incêndios, sobretudo na primeira linha."Os directores dos parques e as suas equipas são os melhores agentes para ajudar a prevenir e combater", disse.


Fonte: Diario de Leiria



Fogos controlados limpam floresta


O próximo Verão vai iniciar-se com 60 mil hectares de floresta protegidos, segundo as prioridades estabelecidas, para 2007, pelo Plano Nacional de Prevenção Estrutural, no âmbito do Plano de Defesa contra Incêndios (DFCI). Este pôs em prática novas técnicas, como os fogos controlados que, por estes dias, vão sendo feitos na serra da Lousã. Delimitada, de véspera, a faixa a ser queimada, mede-se a temperatura, a velocidade e direcção do vento e a humidade para verificar que os valores se encontram "dentro dos limites da janela de prescrição". Com o vento a 9,5 quilómetros por hora, a humidade a 48% e a temperatura a rondar os 15 graus, os técnicos da Direcção-Geral dos Recursos Florestais (DGRF), dos Bombeiros Sapadores e de várias associações de protecção ambiental, dão início aos procedimentos sapadores de mangueiras a postos, protegidos dos pés à cabeça, bem como as mãos, circundam a faixa de mato, de 150 metros, a queimar. O homem do pinga-lume (deep-torch) vai espalhando uma linha de fogo. "Dispõe-se o pessoal de forma a ter o fogo sempre na mão", explica Sérgio Correia, coordenador do DFCI da Circunscrição Florestal do Centro. Na serra da Lousã, uma das classificadas como prioritárias na Região Centro, juntamente com a serra do Buçaco, concelho da Mealhada, e o Pinhal de Leiria, estas faixas, de redução de matos através da queima controlada, estendem-se já por 12 quilómetros de linha de cumeada intermunicipal, tocando os municípios de Castanheira de Pêra, Miranda do Corvo, Penela e Figueiró dos Vinhos. Ou seja, a Direcção-Geral de Recursos construiu uma "Rede Primária de Gestão de Combustíveis" que, no caso dos grandes fogos de Verão, "pode, por um lado, impedir o avanço dos incêndios de uns concelhos para os outros e, por outro, ajudar os bombeiros no combate directo. Eles sabem que têm aqui zonas limpas onde podem esperar o fogo", explica Sérgio Correia. Além da queima controlada, o designado "Serviço Público", prestado pelas equipas de sapadores, em conjunto com a DGRF, abrange acções de desbaste e roça de matos, como as que foram efectuadas no Buçaco, a beneficiação da rede viária e técnicas inovadoras como o "fogo-frio".Matas e florestas Neste primeiro ano em que vigora o Serviço Público, o Governo classificou de prioritárias as zonas de Matas Nacionais e Perímetros Florestais com elevado risco de incêndio,conferindo protecção a um total de 30 mil hectares na Região Centro 220 hectares na serra da Lousã, 116 no Buçaco, nove hectares no Pinhal de Leiria e cerca de 60 no perímetro da Covilhã. A Sul são abrangidas as florestas de Sintra e Sines, as matas nacionais da serra da Ordem (Alcoutim), Valverde (Alcácer do Sal) e Cabeção (Mora) e os perímetros de Contenda (Moura) e o de Conceição (Tavira).

Fonte texto e imagem: Jornal de Noticias



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