Fogos controlados ou selvagens
NJosé Alberto Xerez
o passado, o objectivo fundadamental no combate aos fogos florestais, nos Estados Unidos da América, era o de proceder à sua completa eliminação. A adpopção desta estratégia traduziu-se num aumento exponencial dos gastos necessários ao combate aos fogos. Mais desmatações, mais pessoal e mais equipamentos para os corpos de bombeiros, mais produtos químicos para o combate aos fogos, mais ordenamento florestal, foram algumas das reivindicações efectuadas e financeiramente apoiadas pelas autoridades. Os resultados alcançados eram contudo insuficientes, já que o aumento de gastos não se traduzia na diminuição efectiva dos hectares ardidos.Há cerca de 15 anos, alguns especialistas florestais repegaram uma ideia antiga, a de proceder à limpeza das matas através de fogos controlados. Consiste este sistema em dividir as matas em quadrículas, lançando fogo a algumas delas previamente definidas, fora da época do calor. À volta de cada quadrícula abrem-se aceiros, que são devidamente vigiados durante o fogo, por autotanques de água, que impedem o seu alastramento para as áreas limítrofes. Este sistema efectua-se num processo de rotação, que dura em geral de cinco a seis anos, por forma a abranger todas as quadrículas. A maioria das espécies florestais regenera rapidamente, depois de submetida a estes fogos controlados. Acresce que os benefícios são significativos, já que o mato queimado propicia o húmus necessário à alimentação das espécies florestais. A fauna nas áreas queimadas também não é prejudicada, já que a maioria das espécies existentes nas quadrículas ardidas pode deslocar-se para as áreas não ardidas. Os especialistas dizem, ainda, que as árvores submetidas aos fogos controlados ficam geneticamente mais resistentes, sendo mais capazes de enfrentar futuros fogos.O custo dos fogos controlados é bastante reduzido, orçando por cerca de um décimo dos custos das desmatações tradicionais.A vantagem deste sistema tem levado muitos estados americanos a abandonar a estratégia da eliminação total dos fogos, em detrimento da dos fogos controlados, adaptando os apoios que concedem em confomidade. Ao nível federal, pretende-se inclusive quintuplicar a área de floresta sujeita ao regime dos fogos controlados.A título de curiosidade, refira-se que há alguns anos estiveram em Portugal, na serra do Gerês, alguns especialistas americanos em fogos controlados, que fizeram, com êxito, uma experiência numa extensa área. Terão ainda referido que muitas das matas e das espécies florestais existentes no nosso país poderiam ser submetidas a um regime de limpeza através de fogos controlados. Este sistema nunca veio todavia a ser aplicado de uma forma sistematizada no nosso país e porventura valeria a pena fazê-lo, depois das necessárias análises.Para além da adopção da estratégia dos fogos controlados, assistiu-se, também, nos Estados Unidos, ao reforço das empresas privadas especializadas no combate aos fogos, dotadas da preparação técnica e dos equipamentos necessários à obtenção de uma eficiência elevada. A existência de empresas privadas neste domínio torna o mercado do combate aos fogos bastante competitivo, reforçando a capacidade operacional das empresas e entidades que nele actuam.Em Portugal, o número de associações e entidades vocacionadas para o combate aos fogos é em número superior a 900. O elevado número de instituições existentes retira-lhes a possibilidade de atingirem uma dimensão adequada, que lhes permita dotarem--se com os meios técnicos e humanos imprescindíveis ao seu acréscimo de eficácia.Neste contexto, seria de todo o interesse que no nosso país fosse adoptada uma estratégia semelhante à dos Estados Unidos da América, no sentido de virem a constituir-se empresas privadas verdadeiramente competitivas e especializadas no combate aos fogos, incluindo os fogos florestais. Eventualmente, algumas associações de bombeiros de maior dimensão e mais bem preparadas poderiam ser o embrião das futuras empresas privadas que urge criar no nosso país para o combate aos fogos.
o passado, o objectivo fundadamental no combate aos fogos florestais, nos Estados Unidos da América, era o de proceder à sua completa eliminação. A adpopção desta estratégia traduziu-se num aumento exponencial dos gastos necessários ao combate aos fogos. Mais desmatações, mais pessoal e mais equipamentos para os corpos de bombeiros, mais produtos químicos para o combate aos fogos, mais ordenamento florestal, foram algumas das reivindicações efectuadas e financeiramente apoiadas pelas autoridades. Os resultados alcançados eram contudo insuficientes, já que o aumento de gastos não se traduzia na diminuição efectiva dos hectares ardidos.Há cerca de 15 anos, alguns especialistas florestais repegaram uma ideia antiga, a de proceder à limpeza das matas através de fogos controlados. Consiste este sistema em dividir as matas em quadrículas, lançando fogo a algumas delas previamente definidas, fora da época do calor. À volta de cada quadrícula abrem-se aceiros, que são devidamente vigiados durante o fogo, por autotanques de água, que impedem o seu alastramento para as áreas limítrofes. Este sistema efectua-se num processo de rotação, que dura em geral de cinco a seis anos, por forma a abranger todas as quadrículas. A maioria das espécies florestais regenera rapidamente, depois de submetida a estes fogos controlados. Acresce que os benefícios são significativos, já que o mato queimado propicia o húmus necessário à alimentação das espécies florestais. A fauna nas áreas queimadas também não é prejudicada, já que a maioria das espécies existentes nas quadrículas ardidas pode deslocar-se para as áreas não ardidas. Os especialistas dizem, ainda, que as árvores submetidas aos fogos controlados ficam geneticamente mais resistentes, sendo mais capazes de enfrentar futuros fogos.O custo dos fogos controlados é bastante reduzido, orçando por cerca de um décimo dos custos das desmatações tradicionais.A vantagem deste sistema tem levado muitos estados americanos a abandonar a estratégia da eliminação total dos fogos, em detrimento da dos fogos controlados, adaptando os apoios que concedem em confomidade. Ao nível federal, pretende-se inclusive quintuplicar a área de floresta sujeita ao regime dos fogos controlados.A título de curiosidade, refira-se que há alguns anos estiveram em Portugal, na serra do Gerês, alguns especialistas americanos em fogos controlados, que fizeram, com êxito, uma experiência numa extensa área. Terão ainda referido que muitas das matas e das espécies florestais existentes no nosso país poderiam ser submetidas a um regime de limpeza através de fogos controlados. Este sistema nunca veio todavia a ser aplicado de uma forma sistematizada no nosso país e porventura valeria a pena fazê-lo, depois das necessárias análises.Para além da adopção da estratégia dos fogos controlados, assistiu-se, também, nos Estados Unidos, ao reforço das empresas privadas especializadas no combate aos fogos, dotadas da preparação técnica e dos equipamentos necessários à obtenção de uma eficiência elevada. A existência de empresas privadas neste domínio torna o mercado do combate aos fogos bastante competitivo, reforçando a capacidade operacional das empresas e entidades que nele actuam.Em Portugal, o número de associações e entidades vocacionadas para o combate aos fogos é em número superior a 900. O elevado número de instituições existentes retira-lhes a possibilidade de atingirem uma dimensão adequada, que lhes permita dotarem--se com os meios técnicos e humanos imprescindíveis ao seu acréscimo de eficácia.Neste contexto, seria de todo o interesse que no nosso país fosse adoptada uma estratégia semelhante à dos Estados Unidos da América, no sentido de virem a constituir-se empresas privadas verdadeiramente competitivas e especializadas no combate aos fogos, incluindo os fogos florestais. Eventualmente, algumas associações de bombeiros de maior dimensão e mais bem preparadas poderiam ser o embrião das futuras empresas privadas que urge criar no nosso país para o combate aos fogos.
Fonte: Diario de Noticias
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